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Conto - A resposta

Sem muito o que falar...
a galera já dever ter visto que estou escrevendo bem menos ultimamente. Pois, é... Várias coisas interferindo. Na verdade até tenho escrito mais, só que postado bem menos... xP
Estudos estão a mil, meu! e tá divertido =D

Boa leitura, espero que goste!
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Me arrumei com calma... Minto! Enrolei até quando não podia mais, não queria sair mesmo. Acho que é nessas horas em que aqueles clichês começam a aparecer: “um filme com toda a minha vida passou pela minha mente” e essas coisas... Não vou negar, pensei em vários momentos passados mesmo. Sei lá, estava tentando me enganar, disfarçar a ansiedade ou simplesmente devanear.
Quando vi que já estava uns quinze minutos atrasados, fui procurar a chave do carro. Confesso que realmente não sabia onde ela estava (meus filhos sempre a escondem quando podem), e isso me alegrou muito. Ótimo, mais dez minutos de atraso, pelo menos! Tô feito, quase meia hora de atraso, com certeza vão cancelar... Finalmente sai de casa com o carro e a falta de trânsito me irritou profundamente. Justo quando precisamos daquela enrolação ao melhor estilo “horário de pico paulistano”, a praga não nos ocorre! Que saco de vida! Parecia que até os faróis de trânsito queriam o que eu não queria: receber A resposta. O percurso todo xinguei os malditos sinaleiros abertos.
Quando finalmente cheguei ao local [não] pretendido, estacionei o carro com uma incrível facilidade que, mais uma vez, me incomodou. Recebi o ligeiro “Boa tarde, Senhor!” do porteiro, que ignorei completamente e subi o elevador – aliás, desculpe-me, senhor Aílton, caso o senhor leia estes rabiscos, saiba que não o respondi porque não estava nada bem, sério, tava o cão...! –, entrei na sala e recebi alguns olhares penetrantes, parecia que todos sabiam exatamente qual era a minha situação. E mais, senti pena nos olhares... Isso me corroeu por dentro.
A secretária tentou disfarçar o olhar de desapontamento comigo, que sempre chegava no horário correto, mas seu falso sorriso a denunciou: ela estava puta da cara comigo! Confesso que senti uma certa alegria em vê-la assim, era bom saber que não era o único ferrado. Já estava comemorando o cancelamento, era certo que não conseguiriam me encaixar depois desse atraso. Mas pra minha total infelicidades, ela me atendeu tão rápido que a raiva voltou logo. Eu era o próximo (na verdade a minha hora marcada tinha sido pulada já por dois ou três malucos, sei lá). Mas eu era o próximo...
Ouvi meu nome, fora incrivelmente rápido o tempo que demoraram a me chamar, ou talvez não, mas pra mim não pareceram nem dez segundos. Agora não tinha volta, ferrou! Levantei e fingi um mal estar, mas não adiantou, sabiam que era fingimento. Fiquei imaginando se era assim que as pobres vaquinhas se sentiam quando iam para o matadouro do açougue. A passos curtíssimos, fui para a sala maldita.
Não tinha mais como enrolar, então sentei na cadeira e esperei pelo veredito. A ansiedade comia meu fígado naquela hora. E mais uma vez aquele maldito clichê se fez verdadeiro: pensei em todos os momentos felizes que passei na vida e em como tinha ido parar ali. Conclui que era injustiça o que estava passando. Eu não merecia tanto sofrimento e não queria voltar a ver aqueles olhares de dó para mim, era frustrante! Pior do que isso, eles eram penetrantes, faziam eu me sentir um lixo!
O homem do outro lado da mesa chamava-se Rubens. Dr. Rubens. Ele escreveu alguma coisa ligeiramente em seu computador, me cumprimentou com um sorriso sincero no rosto e com poucas palavras, como sempre fora. Não demorou muito e pegou um enorme envelope que estava sobre a mesa atrás dele. Meu nome estava numa etiqueta e era bem visível. Confesso que foi quando comecei a tremer de medo. Ali dentro estava o meu futuro.
Ela balbuciou algo do tipo “Vamos ver no que deu o seu exame” e abriu o envelope. Com seus olhos clínicos acostumados àquele tipo de coisa, leu rapidamente as várias palavras e imagens que estavam lá dentro e vi sua face mudar para um tom mais melancólico. Voltou seu olhar para mim. Não tinha pena... talvez uma espécie de carinho profissional, e com poucas palavras disse-me:
- Seu estado é terminal.