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Conto - No casebre


Ah! Que saudade... – lamentou Silas perdido em seus pensamentos. – Já faz quase um mês que ela saiu pra essa maratona... isto vai me matar!
Silas estava se referindo à sua mulher Isa, com quem era casado a pouco mais de 20 anos e tinha dois filhos, um menino de 17 anos, chamado Heron e uma menina de 13, que se chamava Thais. Silas estava desempregado havia dois meses, fora mandado embora da produtora de carros onde trabalhava porque a crise mundial estava maltratando os bolsos de seus patrões. Isa viajara para divulgar seu novo livro "Poesias de noites serenas", era uma turnê por cinco estados do país e várias cidades.
- Pai, preciso falar com você. – disse Heron enquanto passava pela sala onde o pai estava sentado. – E gostaria que fosse logo, se puder...
- Tudo bem, meu filho. – assentiu Silas, balançando a cabeça em sinal positivo. – Pode falar!
- É uma coisa... sei lá... – começou Heron, no mínimo nervoso. – Tipo, tem uma garota da igreja...
- Já entendi! – interrompeu Silas. – Tenho um lugar mágico para falarmos sobre isso. Espera um segundinho que eu vou buscar a chave do carro e iremos lá.
- Tá, pai! – concordou Heron, sem compreender muito o seu pai. – Mas onde é isso? Melhor, o que é isso?
- Espere um pouco! – concluiu Silas já saindo da sala. – Sem pressa!
Heron esperou na sala enquanto Silas foi ao se quarto buscar a chave do carro e avisar Thais que eles dariam uma saída de uma hora, para ela não se preocupar que eles estariam em casa na hora da janta.
Eles entraram no Pálio prata da família e partiram. Silas estava empolgadíssimo, havia muito tempo que não tinha uma conversa “pai e filho” com Heron e, finalmente, estaria novamente naquele lugar mágico que pertencia a ele e sua mulher. Rodaram por volta de cinco minutos ouvindo apenas o som do rádio do carro. Quando estacionaram numa estradinha de terra que não levava a lugar nenhum, Heron quebrou o silêncio:
- Aonde estamos?!
- Relaxa, filho! – disse Silas, tentando acalmá-lo. – Você nem sabe onde estamos, de certo, mas eu e sua mãe temos um pequeno terreno ali na frente. Não construímos nada nele porque, bem... é pequeno e tem uma história que nos envolve! Venha!
Eles invadiram aquela estradinha de chão batido a pé e andaram menos de cem metros quando pararam em frente a um terreno cercado de arame farpado com apenas uma casa de madeira construída nos limites daquele cercado. Não havia espaço nem para um rato entre a construção e o cercado. Na parte da frente só era possível ver um espaço para a garagem, onde mal cabia um carro pequeno, a porta e uma janela com várias marcações de pedras atiradas por meninos. Apesar de aparentar-se velha demais, aquela casa irradiava segurança para os dois homens ali presentes.
Sem precisar de palavras, Silas chamou seu filho para entrar e viu que o menino estava muito assustado com o interior daquela casa. Móveis bem cuidados e limpeza feita. Um quarto com uma cama de casal nova, uma cozinha mobiliada e uma sala com sofá e TV. Esta era toda a casa: simples e aconchegante. Perfeita para quem quer pensar um pouco.
Silas convidou o filho Heron a se sentar e pediu que ele continuasse o que começou na outra casa.
- Ah, sim. Claro, pai! – concordou o filho, se lembrando de onde tinha parado. – Então... é que tem uma garota lá na igreja que, sabe, eu tô gostando dela... Assim, eu já beijei na boca e tal, mas com essa é diferente, porquê... sei lá, eu gosto muito dela e, assim, eu acho que ela também gosta de mim, sabe?! – disse Heron, agora muito nervoso.
- É, eu desconfiei que fosse algo do tipo... – disse Silas. – Mas se ela também te ama fica bem mais fácil! Basta conversar com ela. – e antes que o menino interrompesse, continuou: - OK, eu sei que é difícil falar com o sexo oposto sobre isso, eu também sofri muito para conseguir ficar com a sua mãe, e é por isso que estamos aqui!
“Aqui não foi onde eu me declarei para a sua mãe, isso foi durante um show do Erasmo Carlos que fomos de excursão para São Paulo, mas foi aqui que demos nosso primeiro beijo... Ah, que dia maravilhoso aquele 11 de janeiro de 1986! Eu me senti um deus porque tinha, finalmente, conquistado aquela bendita Isa... Posso te contar como foi, Heron?” – perguntou Silas, ao fim de seus delírios emocionais.
- Hãn...? Ah, claro que sim, Pai! – disse Heron. – Por favor!
- Bem, depois daquele show que eu te falei sua mãe ficou muito estranha comigo. – narrou, sem pressa. – Muitos ficaram zuando nós dois, mas isso não me era problema, ao contrário dela. Na época ela já escrevia algumas coisas, mas ainda não era tida como escritora de verdade... Enfim, ela ficou envergonhada e tentava o máximo que podia não ficar sozinha comigo, devia ter medo que eu a atacasse. Não a culpo, faria isso mesmo se tivesse tido oportunidade. –risos rolaram dos dois.
“Continuando: passou um longo tempo onde o nosso mais longo papo foi sobre a virada do ano, que não passou de umas pouquíssimas palavras. Eu não sabia o que fazer! Uns amigos diziam para eu desistir, outros para eu tentar uma última vez. Aí veio a luz no fim do túnel!” – os olhos dele brilhavam enquanto pronunciava essas últimas palavras.
“Uma amiga dela, Alice, me disse que ela estava muito ruim. Fiquei desesperado, pensei mil coisas e conclui que deveria ir vê-la! Fui correndo pra casa, me arrumei o mais rápido que pude para ficar apresentável e fui até a casa dela. Pra minha surpresa foi ela quem foi até o portão e estava muito bem. Muito linda!”
“Eu senti meu rosto corar aquela hora e vi o dela fazer o mesmo. Não adiantava tentar sair dali. Foi então que percebi que Alice tinha me feito um favor! Não sei de onde juntei tanta força, mas comecei a falar do meu amor por sua mãe e da preocupação que senti quando Alice veio falar comigo. As palavras saltavam da minha boca, filho, de uma forma involuntária e acelerada. Até hoje não sei como sua mãe as entendeu...”
“Sabe filho, eu senti que tinha feito a coisa certa e sentia que aquele era o momento! Sua mãe estava chorando, mas sorrindo muito! Ela me disse que iria num baile naquela noite e queria muito que eu estivesse a acompanhando. Meus joelhos bambearam com o convite! Mas concordei em buscá-la com o carro do seu avô.”
“Quando cheguei na casa dela para pegá-la fui surpreendido com um sermão do pai dela sobre tratá-la bem e essas coisas. Nada que estragasse a noite. A NOSSA NOITE! Por fim, o baile era numa fazendo a poucos metros daqui e foi uma festa e tanto! Dançamos muito e nos divertimos, sem nenhuma malícia de ambas as partes. E foi na volta que sua mãe avistou este casebre onde nós estamos agora.”
“Ela pediu que eu parasse o carro, mesmo sendo quase duas da manhã. Fiquei apreensivo, mas resolvi fazer o que ela queria, pois ela merecia! Ela desceu e foi logo entrando, como se conhecesse o local. Por sorte não havia ninguém na casa. O casebre era um pouco menos cuidado do que hoje e tinha uma idade bem menos avançada, claro.”
“Sem mais nem menos, Isa virou-se para mim e disse que me amava. Meu coração explodiu de alegria aquela hora, sentia-o saltando pela boca. Eu me aproximei dela, cauteloso, e peguei a sua mão de leve. Disse algumas palavras doces que não repito mais, só para ela em algumas noites. Nos abraçamos demoradamente e, depois de alguns minutos de silêncio, nos beijamos.”
- Caramba, pai! – comentou Heron. – Nem você e nem a mãe nos contaram algo do tipo. Nenhuma vez se quer...!
- É, Heron, isso não é coisa que se espalhe pra qualquer um... –concluiu, sorrindo com o pensamento ainda nas imagens de seu coração sobre sua amada mulher.
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Estou lendo o livro A Cabana, começei anteontem, se não me engano, e é muito bom! Graças à capa do livro fiz esse texto. E fica aqui o convite para que leiam esse livro!

11 de janeiro de 1986 é a data de casamento dos meus pais! =D

Cheguei de viagem hoje e daqui dois dias é meu aniversário. Não tenho do que reclamar!

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Poesia - Acorde


Mais vale a claridade realista do Sol
Do que a sensibilidade sonhadora da Lua.

Sim, meu amor, eu acordei!
E deixei de lado tudo o que senti,
Tudo o que fiz por amor a ti!
Besteira pensar no que passei...

Nosso amor poderia ser vivo
Mas você e seu egocentrismo
Preferiram que fosse morte.

Toda sua beleza me encantou,
Todo seu jeito me enfeitiçou,
Mas o que era doce se acabou.

Vá e morra como bem entender
Sofra o que me fez sofrer
E tente acordar depois...
Você perceberá, pois:

Mais vale a claridade realista do Sol
Do que a sensibilidade sonhadora da Lua.
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Não, não estou amaldiçoando nenhuma menina que amei... nem nada do tipo!

Esse poema eu fiz para um trabalho de artes no 4º semestre do ano passado. Tem todo esse drama por um simples motivo: No trabalho quis apresentar algumas características da escola literária Romantismo, com ênfase na sua 3ª [e última] geração, onde já há uma introdução à nova escola, o Realismo.

A imagem eu peguei num site e fiz algumas poucas edições no photoshop (mais luz no centro, o pictorismo da imagem, o texto no canto superior direito...). Eu a chamo de "Porta da Realidade", porém o nome da foto original é "Door of the Universe".

O trabalho todo tem mais um texto, uma carta de três páginas de word, por isso não pretendo postá-lo aqui, é grande demais! Se tem gente que não leu nem esses, imagina um maior ainda?! LOL

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Conto - Fim de Semana

- Tem certeza que é aqui? – eu perguntei aos meus pais.

- Temos! Não é maravilhoso?! – respondeu Jéssica, a minha mãe. Ela é uma mulher incrível, mas têm vezes que... bem... não é tão incrível assim.

- É, filhão, vamos ter uns trabalhinhos pra fazer na casa, mas nada que nós dois juntos não façamos rápido. – disse Matheus, o meu pai. Um cara sem igual, mas ainda não sei se lamento por isso ou se dou glórias a Deus.

Quando percebi que estava ferrado, resolvi me desligar um pouco deles. Liguei meu mp3 e começei a ouvir qualquer música que impedisse meus ouvidos de escutarem o que meus pais falavam. Meus pais são pessoas maravilhosas, eu sei, mas têm dias que desejaria estar longe de tantas maravilhas. E ainda tinha a Manu, minha irmã mais nova que ficava querendo brincar comigo e não parava nunca!

Meus pais tinham comprado uma casa campestre para passarmos os fins de semanas longe do tumulto, uma idéia incrível! Quando me contaram fiquei empolgadíssimo com a idéia! Tinham me dito que era uma chácara linda, onde poderia passar o dia todo nadando na cachoeira que tinha ali perto, ouvindo minhas músicas em uma altura que vizinho nenhum reclamaria e andar a cavalo, quando tivéssemos grana pra comprarmos algum. Tinham me dado uma idéia de lugar perfeito, um Jardim do Éden, inclusive eu tinha sugerido esse nome para o local, antes mesmo de conheçe-lo... e reconheço que não o faria se tivesse visto que era isso!

O terreno era enorme, verdade, mas havia tanto mato no lugar que metade do primeiro andar do sobrado estava escondido. A casa era de madeira e estava caindo aos pedaços, minha irmã disse que certamente haveriam centenas de fantasmas naquele lugar. As ávores cresciam tão próximas à casa que suas raízes quebravam algumas madeiras do chão. E ainda tinha aquele tempo chuvoso! Se não estivéssemos no Brasil, diria que um tornado estava vindo na nossa direção e que, certamente, a casa não suportaria nem aos primeiros ventinhos dele.

E nem sinal da cachoeira...

Eu estava com os olhos vidrados no sobrado quando minha irmã me deu um tapa na nuca e apontou para fora do carro. Meus pais já estavam lá fora descarregando o carro e pedindo a nossa ajuda. Apesar do desgoto, tirei um dos fones de ouvido e abri a porta. Alguns ramos daquela enorme grama entraram no carro e eu senti um ar diferente entrando em meus pulmões. Tinha um cheiro gostoso, era mais puro e não precisava forçar tanto a respiração.

Sem muita vontade, desci. Descarregamos o carro e entramos.

Por dentro a casa era outra! Agora sim, magnífica! Móveis de primeira qualidade, uma organização que nunca vi antes e, por incrível que pareça, limpo!

- A Marinete fez um ótimo serviço! – começou minha mãe, toda sorriso. – Foi uma boa idéia ter pedido pra ela vir antes!

- Realmente. – concordou meu pai. – Por isso que te amo, meu amor!

Eles se beijaram. Eu e Manu nos olhamos e resolvemos subir para vermos os quartos. Não eram diferentes, magníficos! Deixei ela escolher o dela e fiquei com o que sobrou. Entrei, coloquei minha mala perto do armário cor de tabaco que tinha em um dos cantos e testei a cama. O cochão era melhor do que o que eu tinha em casa e ficava perto da janela. Não quis abri-la a princípio, já era fim de tarde e não queria mosquitos me torrando a paciência!

Deitei e só acordei na manhã do sábado.

Só percebi que era de manhã por causa de uma pouca luz que entrava pelo vão da janela. Abri-a. Aquela foi a imagem mais bonita que tive em toda a minha vida!

Uma bela planície se estendia naquela região, devia ter uns 3 km, morrendo em um pequeno morro, que não devia ser maior que um prédio de três andares. Muitas árvores se espalhavam por lá e davam tantos frutos que cheguei a duvidar que estivesse realmente acordado. Alguns pássaros voavam por ali e juro que vi até araras! Além de tudo isso, o tempo chuvoso havia se transformado em um céu limpo, onde apenas algumas nuvens brancas o cobriam, aumentando sua majestade.

Foi aí que ouvi: SPLASH. Águas caiam em algum lugar à minha frente. Limpei meus olhos, forcei a vista e foi aí que vi, uma cachoeira descia do morro e fazia uma imagem desigual! As águas brilhavam com os raios solares e um mini arco íris era formado naquele local.

- Mãe! Pai! Manuella! – sai gritando pelos corredores. – Acordem logo! A cachoeira! Encontrei a cachoeira! VAMOS!

Manu saiu correndo atrás de mim, parecia tão empolgada quanto eu. Meus pais acordaram um pouco assutados, mas não levou tempo para se empolgaram também.

- Temos que preparar um café! – alertou meu pai. – Comer alguma coisa nem que seja lá mesmo.

- Verdade, crianças! – começou minha mãe. – Temos que levar alguma coisa para comer. Calma, não ten...

- Tem um monte de árvores no caminho! – interrompi. – Comida não falta, garanto.

- É! Vamos logo, pôxa! - disse Manu, com sua voz angelical.

Não parei, nem olhei para eles quando falei. Continuei correndo, com Manu ao meu lado.

Não levou muito tempo e estávamos na cachoeira! Ela era esplêndida! Suas águas eram cristalinas, alguns peixes nadavam ali, um pequeno lago era formado e algumas pedras estavam distribuidas nele de forma a poder-se andar por toda a extensão dele sem problemas. A água que caia do morro vinha do norte e seguia viagem rumo ao Atlântico.

Nunca antes tinha visto algo tão perfeito!

Então lembrei de um cântico que li em um livro qualquer. Sem saber direito o ritmo e um tanto desafinado começei a cantar:

Como és bela, cachoeira!

És formosa,

Tens a força de uma guerreira!

Aos teus pés, cresce glamurosa

Uma floresta inteira.

Sigas poderosa

E que Deus te abençoe, Cachoeira!

Passamos o dia todo ali, conversando, rindo, nadando. Pudemos esquecer do mundo e vimos a beleza do Poder de Deus!

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Obrigado aos que viram o outro texto e pelos elogios!


Neste post eu só queria mostrar uma mínima parte do poder de Deus.


Contabilidade do post anterior: Meu pai encontrou três erros, um de português e dois de digitação. Eu encontrei outros dois antes.

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Conto - Encontro


Silas acordou assutado naquele momento. Não durmira bem durante toda a noite, estudando seu projeto que seria apresentado dali a alguns instantes no MASP.

- Desculpa, Senhor. – disse o motorista do táxi. – Parece que está acontecendo um protesto aqui na Paulista. Não consigo passar!

- Hãn? Protesto? Do que você está falando? – Silas não conseguia ligar as informações do taxista ao que seus olhos viam. Uma multidão de jovens estava a poucos metros dali e gritava a uma só voz: “Fora Collor!”. Era impossível saber quem era quem naquele mar de gente. Todos com os rostos pintados de verde, amarelo e azul anil, as cores da bandeira nacional, e vestiam preto, como num velório.

- Senhor, vou ter que deixá-lo aqui! Não tem como rodar... – alertou o taxista, tentando ser o mais gentil possível. – Me desculpe.

- Tá, tudo bem... – aceitou Silas, ainda muito sonolento, limpando as ramelas dos olhos. – Quanto ficou a corrida?

- Pode ficar sem pagar, eu apoio esse pivetes! – disse o taxista, businando freneticamente e agitando os braços pela janela do carro.

Silas desceu do carro e correu seus olhos castanhos escuros pela região. A multidão era maior do que parecia. Todos estavam agitados, alguns se abraçavam como se não se vissem a anos.

Só depois de alguns minutos que ele percebeu, seu destino estava a pouco mais de uma quadra de distância, o que era um alívio. Olhou o relógio e viu que estava adiantado o suficiente para averiguar o que era esse manifesto.

Tomou coragem e deu uma última olhada naquelas pessoas. Foi aí que viu uma mulher que aparentava ter sua idade, 25 anos, morena, de pele mulata, baixa e expressão forte no rosto. Ela ostentava muita garra e tinha um brilho diferente. Seu corpo estva envolto de uma bandeira do Brasil, mas isso não tirava sua beleza.

Como ela se parece com Marlene!” pensou. “Mas é impossível que seja ela! Aquela moreninha carioca não pode estar aqui, não em São Paulo!

Seus pensamentos voaram para a época de escola, 10 anos antes daquele momento. Suas amizades vieram à tona, seus antigos amores, suas dificuldades com a geografia. Em todos eles Marlene era o foco principal.

Ela foi o grande amor da minha vida!” pensou.

De repente, a mulher se vira e seus olhos cor de mel encontram os dele. Não precisaram de palavras para que se reconhecessem. Não quiseram falar. Ficaram ali, se observando a poucos metros de distância.

Como se fossem um só, começaram a andar simultaneamente. Eles se encotraram e se abraçaram, ainda sem palavras trocadas. O verde bandeira envolveu os dois. A gritaria em volta deles parecia ter silenciado para observá-los. Os dois conseguiam ouvir os passarinhos cantando numa árvore ali perto. Sentiam os corações acelerados. Uma lágrima caiu do olho de cada um e tocou as costas do outro ao mesmo tempo.

Palavras eram desnecessárias para aquele momento, pois o abraço simplificava tudo.

O mundo não importava mais, nem sequer sabiam se estavam vivos ainda.

- Marlene! – pensou Silas, alto o suficiente para que suas palavras fosem um sussuro ao ouvido daquela linda mulher.

- Vamos sair daqui? – Marlene fez o convite, ainda de olhos fechados e nos braços do rapaz. Seu sotaque carioca era perseptível e soava como uma música aos ouvidos daquele paulistano chamado Silas.

Apenas um olhar nos olhos foi suficiente para a resposta. Cada um esqueceu de seus compromissos pessoais para reviver aquela chama que ardia novamente em seus peitos. Silas não se importava com o Museu de Artes, Marlene não queria saber de seus protestos contra o presidente Collor. Eles queriam, apenas, um ao outro.

...

Eles seguiram viagem, mas não sei para onde foram. O que sei é que foram felizes!


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Curiosidades interessantes:
  • O primeiro protesto dos caras pintadas foi no dia 11 de agosto de 1992. Eles pediam o Impeachment do presidente Fernando Collor e conseguiram atingir tal objetivo no mês de dezembro do mesmo ano.
  • O MASP (Museu de Artes de São Paulo Assis Chateaubriand) foi fundado em 2 de outubro de 1947 e foi de onde teve início a primeira passeata dos caras pintadas.
  • Meu chará, Vsª Excelência, teve os direitos políticos cassados por 8 anos, mas voltou a política nas últimas eleições como senador (creio, eu) do estado da Paraíba.
Viram? O ano de 1992 é muito especial para o Brasil e para o mundo! Além de tudo isso é o ano que nasci!
É, meus pais não se conheceram no meio de um protesto dos caras pintadas, mas foram os seus nomes que usei! (vide post 1 xP)
A imagem com a bandeira do Brasil foi escolhida para o primeiro post porque... porque eu quis e gostei da inspiração que ela me trouxe! =D
E vocês, gostaram?

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The frist day!

Nossa! Meu primeiro post... que emoção! Hãn... Chega de sacanagem!

Sim, o primeiro post! Mas este é apenas explicativo. Amanhã começo o que vim fazer aqui: postar meus textos.
O meu principal objetivo é a divulgação do meu próprio trabalho (exibido, não?), mas não é "qualquer trabalho". Quero começar a usar textos verbais e não verbais ao mesmo tempo (texto e imagem, se não souber); aquela coisa, diversificar um pouco sem mudar o rumo. Também colocarei alguns trabalhos antigos, como poesias já feitas ou textos retirados do armário aos trapos.
Os textos terão os mais variados assuntos e diferentes forma, resumindo, o que "der na telha" e ficar legal, eu posto! Poesias serão sempre bem vindas, mas não tenho certeza se frequentes. Quero fazê-las, mas não quero que saiam fracas ou "juvenis" demais.
Dicas, pedidos e comentários no geral também serão bem vindos. Colaborem!
Antes que me esqueça, já quero deixar avisado: os nomes, que serão aqui utilizados, serão meramente ilustrativos. Tenho uma péssima criatividade para essa essencial parte e uma forte tendência a não combinar nome e personagem, então buscarei em meus amigos e familiares as fontes para tais. De certo haverá muitos "Silas" ao longo dos textos, mas não é nenhuma homenagem ao meu pai, é apenas um nome que considero bonito e que darei ao meu filho, se tiver a oportunidade. Então se teu nome aparecer aqui, não pense que é um homenagem, indireta ou qualquer coisa do tipo, apenas o considero um belo nome.

Antes que começem a me crucificar por causa desse lenga lenga, vou-me embora. E desculpe se desapontei alguém com essa mera explicação, um dia eu tento me redimir.