Silas acordou assutado naquele momento. Não durmira bem durante toda a noite, estudando seu projeto que seria apresentado dali a alguns instantes no MASP.
- Desculpa, Senhor. – disse o motorista do táxi. – Parece que está acontecendo um protesto aqui na Paulista. Não consigo passar!
- Hãn? Protesto? Do que você está falando? – Silas não conseguia ligar as informações do taxista ao que seus olhos viam. Uma multidão de jovens estava a poucos metros dali e gritava a uma só voz: “Fora Collor!”. Era impossível saber quem era quem naquele mar de gente. Todos com os rostos pintados de verde, amarelo e azul anil, as cores da bandeira nacional, e vestiam preto, como num velório.
- Senhor, vou ter que deixá-lo aqui! Não tem como rodar... – alertou o taxista, tentando ser o mais gentil possível. – Me desculpe.
- Tá, tudo bem... – aceitou Silas, ainda muito sonolento, limpando as ramelas dos olhos. – Quanto ficou a corrida?
- Pode ficar sem pagar, eu apoio esse pivetes! – disse o taxista, businando freneticamente e agitando os braços pela janela do carro.
Silas desceu do carro e correu seus olhos castanhos escuros pela região. A multidão era maior do que parecia. Todos estavam agitados, alguns se abraçavam como se não se vissem a anos.
Só depois de alguns minutos que ele percebeu, seu destino estava a pouco mais de uma quadra de distância, o que era um alívio. Olhou o relógio e viu que estava adiantado o suficiente para averiguar o que era esse manifesto.
Tomou coragem e deu uma última olhada naquelas pessoas. Foi aí que viu uma mulher que aparentava ter sua idade, 25 anos, morena, de pele mulata, baixa e expressão forte no rosto. Ela ostentava muita garra e tinha um brilho diferente. Seu corpo estva envolto de uma bandeira do Brasil, mas isso não tirava sua beleza.
“Como ela se parece com Marlene!” pensou. “Mas é impossível que seja ela! Aquela moreninha carioca não pode estar aqui, não
Seus pensamentos voaram para a época de escola, 10 anos antes daquele momento. Suas amizades vieram à tona, seus antigos amores, suas dificuldades com a geografia. Em todos eles Marlene era o foco principal.
“Ela foi o grande amor da minha vida!” pensou.
De repente, a mulher se vira e seus olhos cor de mel encontram os dele. Não precisaram de palavras para que se reconhecessem. Não quiseram falar. Ficaram ali, se observando a poucos metros de distância.
Como se fossem um só, começaram a andar simultaneamente. Eles se encotraram e se abraçaram, ainda sem palavras trocadas. O verde bandeira envolveu os dois. A gritaria em volta deles parecia ter silenciado para observá-los. Os dois conseguiam ouvir os passarinhos cantando numa árvore ali perto. Sentiam os corações acelerados. Uma lágrima caiu do olho de cada um e tocou as costas do outro ao mesmo tempo.
Palavras eram desnecessárias para aquele momento, pois o abraço simplificava tudo.
O mundo não importava mais, nem sequer sabiam se estavam vivos ainda.
- Marlene! – pensou Silas, alto o suficiente para que suas palavras fosem um sussuro ao ouvido daquela linda mulher.
- Vamos sair daqui? – Marlene fez o convite, ainda de olhos fechados e nos braços do rapaz. Seu sotaque carioca era perseptível e soava como uma música aos ouvidos daquele paulistano chamado Silas.
Apenas um olhar nos olhos foi suficiente para a resposta. Cada um esqueceu de seus compromissos pessoais para reviver aquela chama que ardia novamente em seus peitos. Silas não se importava com o Museu de Artes, Marlene não queria saber de seus protestos contra o presidente Collor. Eles queriam, apenas, um ao outro.
...
Eles seguiram viagem, mas não sei para onde foram. O que sei é que foram felizes!
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Curiosidades interessantes:
- O primeiro protesto dos caras pintadas foi no dia 11 de agosto de 1992. Eles pediam o Impeachment do presidente Fernando Collor e conseguiram atingir tal objetivo no mês de dezembro do mesmo ano.
- O MASP (Museu de Artes de São Paulo Assis Chateaubriand) foi fundado em 2 de outubro de 1947 e foi de onde teve início a primeira passeata dos caras pintadas.
- Meu chará, Vsª Excelência, teve os direitos políticos cassados por 8 anos, mas voltou a política nas últimas eleições como senador (creio, eu) do estado da Paraíba.
É, meus pais não se conheceram no meio de um protesto dos caras pintadas, mas foram os seus nomes que usei! (vide post 1 xP)
A imagem com a bandeira do Brasil foi escolhida para o primeiro post porque... porque eu quis e gostei da inspiração que ela me trouxe! =D
E vocês, gostaram?
5 comentários:
muito massa o texto...
boa sorte nessa nova divulgação...
que Deus esteja abençoando o seu talento =DD
fica com Deus
Fer, muito bom!!!
adorei ^^ grande idéia xD
e confesso que eu realmente imaginei que eram seus pais ¬¬'
mas ficou muito MA de MARA
shauishauiohsasa
beijo ^^
feraa o texto em caraa!! taah beem romantico :D
Legal o texto fera, escreve bemm. Ficou MARA.
Curiosidades interessantes:
No dia 16 de Março de 1992, nasceu Matheus Broch Loures de Souza, com 3 quilos e meio.
ISAEHuisUEhusaeuhisauiesae
Quando você escreveu seu chará, eu pensei que era o Cardoso, mas ai que vi que era o Collor.
Abraços.
além de gostar, aprendi! Nando você é uma benção mesmo! :D amo você... Amandita! ;)
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